terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Nova Religião

Irmãos!  Ergam as mãos em direcção ao céu e dai graças. Aleluia! Brindai comigo, o triunfo da nossa religião. Temos mais seguidores do que a religião do milhafre- dizem que jogam numa Catedral -, também conhecido pelos seus seis milhões de fieis. É sabido que o número redondo inclui cada Avatar, registado no Second Life, site onde faço grande parte das minhas noitadas. As quotas ficam para os outros. Eu sou Jesus Boavida, já paguei tudo. Atirei o altruísmo para trás das costas, tudo porque o meu pai finalmente teve alta. O Xanax, o Prozac e a Maria, 65 anos, a psiquiatra, permitiram o seu regresso à sociedade, onde conheceu um militante socialista, proveniente de França, muito activo após a revolução dos cravos. Hoje, o papá (Espírito Santo) arranjou um part-time. Labuta das 9.30 às 17.30 numa empresa chamada Fundo de Desemprego. O trabalho é árduo para um activo habitante do sanatório: o papá era perito em distribuir pragas de gafanhotos. A caça ao saltitante insecto demorava, pelo menos, um fim-de-semana, durante as curtas visitas ao savânico jardim.

 

O paizinho saiu e não se esqueceu da cria, meus irmãos (o meu pai era um galã, perdoem-me a inconfidência, irmãos). Liderar o maior clube do país exige método e grande sentido de responsabilidade. A informação é de ouro. Ao meio-dia leio o Destak e o Metro, trazidos pela menina Palmira (mais tarde saberão a origem do nome), 79 anos, para o café do meu amigo César, um homem pacato com a mania de cobrar cada serviço prestado. Nem a conversa do camelo na agulha resulta com aquele sovina. A Palmira paga os 55 cêntimos  da essência bebida "pelo je" e  parto preparado para partilhar a Boa Nova. Aleluia, irmãos.

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